6 de jul. de 2012

Rapina e Columba # 8 – Voem para longe! Vocês estão livres agora!


Uma resenha da derradeira edição da revista RAPINA E COLUMBA, escrita, desenhada e esculachada por Rob Liefeld, com apoio (moral?) de Marat Mychaels, onde este resenhista que vos fala tenta arduamente encontrar os méritos desta, e motivos que encorajem o leitor amigo a lê-la. Mas falha miseravelmente.
Por Rodrigo Garrit
Originalmente publicado no Santuário!
Contém spoilers. (Mas tudo bem, foi o Liefeld que escreveu).
Após serem atacados pelo Caçador, surge a misteriosa Xyra, que se oferece para levar Rapina e Columba até o covil do culto de D´yak, os mandantes do ataque. Eles aceitam a oferta, adotando uma tática ofensiva ao invés de esperar o próximo passo de seus inimigos.
O trabalho de Liefeld tem coisas boas e coisas novas. Só que as coisas boas não são novas, e as novas não são boas.  Tudo bem, eu copiei essa frase de um filme… mas, francamente a gente tá falando do Liefeld né? Me julguem!
A história discorre através de cenas “impactantes” e legendas intermináveis e inúteis, repletas de um texto pobre que não acrescenta, não explica e não influencia em nada. É sério, se eu pudesse dar dois conselhos pro Rob, seriam esses: plagie um mangá, onde predominam as muitas imagens e pouco texto. Vovó já dizia, em boca fechada não entra mosca, se não tem nada de bom pra dizer, melhor ficar quietinho. Já basta fazer o leitor desprevenido suportar os desenhos horríveis, o texto intragável é um tiro de misericórdia. (e se ele plagiar um mangá sempre existe a feliz possibilidade dele receber uma voadora ou um haudoken quando menos esperar…).
O segundo conselho seria: morra procure trabalho em outro ramo, deixe os quadrinhos em paz… eu sugiro o ramo de demolições. Ou moda. Já pensaram que lindos modelitos ele plagiaria criaria para a Lady Gaga, por exemplo… ?
Voltando à história, (VAMOS IMAGINAR que existe uma história) ela é daquele tipo que não começa nunca. Temos muitas lutas, diálogos forçados e nenhuma explicação convincente sobre nenhum dos acontecimentos das edições anteriores. O tal covil da seita aparentemente fica em outra dimensão. Que tipo de recurso eles usaram para fazer essa travessia? Não se sabe. VAMOS IMAGINAR que a Mulher Puxa-Puxa Xyra simplesmente os teleportou até lá.
Rob Liefeld acerta quando… espera, eu escrevi “acerta”? Putz, pior que dessa vez é isso mesmo…
Rob Liefeld acerta na caracterização dos personagens. Por mais que ele erre na composição dos desenhos e estrutura dos diálogos, escrevendo falas vergonhosas e imbecis, a caracterização está correta: Rapina é o guerreiro que nunca desiste, e nunca se entrega sem luta, não importa o quanto seja ferido e não importa o preço que tenha que pagar pela vitória. E Columba é centrada e sensata, e apesar de ser muito mais poderosa do que aparenta, ela sempre prefere usar o cérebro em vez dos músculos, e se recusa a matar seus oponentes. Tudo bem que são personalidades estereotipadas, gênios opostos, e qualquer criança de seis anos entende esses conceitos de personalidade mas ainda assim nesse quesito foi executado corretamente. Nisso ele acerta. Pronto, falei bem do Liefeld. Me julguem!
Mas se em alguma coisa ele acerta, em todo o resto, Rob Liefeld erra…
Rapina e Columba dos anos 90 no traço do Rob Liefeld… quando ele desenhava bem!
Tempo bom, não volta mais… espera… ali atrás é o PETER PARKER? Rob, seu SAFADO!















Sobre as tais cenas “impactantes” que mencionei  anteriormente, VAMOS IMAGINAR que isso tenha a finalidade de prender a atenção dos leitores na primeira página… inclusive esse é um recurso narrativo muito usado pelos quadrinhinstas… aquela coisa de “a primeira página é uma capa”, uma cena forte que te instiga a continuar lendo e tal… mas alguém devia avisar ao Rob que isso só funciona na primeira página… uma vez que se faz isso quase que na revista toda, ao invés de prender a atenção, torna a leitura maçante. (Com exceção de alguns mestres genuínos das HQs, como por exemplo Dave Gibbons (desenhista de verdade) capazes de contar lindas histórias usando apenas painéis, mas não é o seu caso, né Rob? Senta lá).
Sterling Gates, (roteirista de verdade) que escreveu as primeiras edições, lançou um suspense sobre as verdadeiras intenções de Columba, deixou no ar coisas sobre seu passado que ela esconde de Rapina, inclusive sobre a forma como conseguiu seus poderes e a relação disso com a morte do Don Hall, irmão de Rapina e o primeiro Columba. Tudo isso foi completamente deixado de lado. E pra piorar, nenhuma menção é feita a origem dos poderes de Condor e Cisne, vilões das primeiras edições, que supostamente eram membros de um “círculo de guerra” secreto, que esconde a verdade sobre os poderes de Rapina e Columba e o motivo deles terem sido escolhidos como seus avatares. E mais, não há nenhum vestígio de outras pessoas ostentando o poder dos avatares da guerra e da paz, como havia ficado no ar. Toda a trama que começou a ser plantada foi compactada, resumida e simplesmente substituída pela tal seita de D´yak. E fim de papo. VAMOS IMAGINAR que a bruxa necromancer (de poderes fajutos que usava bombas de gás pra fugir) que enfrentou a dupla também estivesse envolvida com a seita, para tentar dar algum sentido a esse samba do afrodescendente com distúrbios mentais.
A morte de Don Hall, o primeiro Columba. Fica triste não…
melhor morrer no traço do George Pérez que viver pra ser desenhado pelo Liefeld!










Ou seja, os poucos elementos narrativos interessantes foram totalmente ignorados, dando lugar a uma sucessão de clichês e situações sem nenhum sentido.
Na edição anterior, o dedo indicador da mão esquerda de Rapina foi decepado e usado como troféu pelo caçador, que também roubou um tufo de cabelo da Columba.
(O nome do cara é “Caçador”? Você, curioso leitor me pergunta. E eu digo… provavelmente não, mas o Liefeld nem se deu ao trabalho de inventar coisa melhor…).
Nessa edição, vemos que o dedo agora é usado como totem pelo mestre do caçador, D´khan, que afirma que o dedo é a “garra” da ave, e o cabelo, as “penas” (??) da Columba, e que precisava desses amuletos para concentrar seu incrível poder. Na verdade ele fez um discurso enorme e chato, que não passa de uma grande encheção de linguiça. Mas o fato é que Rapina agora já aparece com todos os dedos da mão. Tudo bem, VAMOS IMAGINAR que seu incrível fator de cura regenerou o dedo, o que seria “aceitável”, digamos assim, mas isso sequer é mencionado.
Rapina em sua época como membro dos Titãs… levando um sabão da Donna Troy (quem?).
Esse moleque sempre foi um fanfarrão…


















Quanto a arte… ora, meus amigos, a arte de Liefeld dispensa comentários… em sua genialidade, ele distorce a anatomia humana concebendo seres com ossos impossíveis contidos em enormes quantidades de gordura e músculos retorcidos e deformados.
Seu estilo visionário nos apresenta uma realidade onde nada é simétrico… nada é coerente… nada faz sentido. Um momento… Acho que preciso de anti-depressivos…
Rapina e Columba no traço de Frank Miller pro crááássico Cavaleiro das Trevas 2.
Pelo menos o Miller estava assumidamente de deboche…









O coitado do Marat Mychaels até tenta fazer alguma diferença, mas não ajuda muito… a impressão que tenho é que mesmo que ele desenhe melhor, não pode fugir muito do “padrão de qualidade” de Rob. Se for isso mesmo é algo triste de se constatar… seu nome aparece nos créditos como co-desenhista junto com Liefeld, mas não está estampado na capa da revista. Terá sido a pedido do próprio, numa tentativa de desvincular sua imagem a de Liefeld e queimar menos o filme, na esperança de ainda conseguir arrumar algum emprego nessa área no futuro?
E assim a história se aproxima do fim, sem nem mesmo começar. Não me perguntem como ele consegue isso… é um dom. No mais, muitas lutas contra ninjas genéricos e outros desafios sem graça até que se chegue no “último chefe”, onde se deparam com A IRA DE D´KHAN, (é sério, tá?) que se transforma num monstrão feio, mas é logo derrotado. Pronto, contei o final. Me julguem!
E no fim, Rob termina a história de um jeito bonitinho, encerrando o título mas não a carreira da dupla.
Mas é claro que ele encerrou de um jeito bonitinho de uma forma já foi usada centenas de vezes nos quadrinhos… bem que a carreira dele é que poderia ter sido encerrada… mas francamente a gente tá falando do Liefeld, né?
Na esquerda temos a imagem em que Liefeld finaliza sua obra prima…
mas espera, na direita vemos que esse recurso já foi usado antes por Barbara e Karl Kesel…
tá bom, fica a “homenagem” então… SIM… ELE FEZ DE NOVO…!!!!!


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