A edição 69 de Teen Titans será lançada esta semana, nos EUA. O artista que a ilustra é o brasileiro Allan Goldman, que gentilmente deu ao Multiverso DC e à Torre Titã a entrevista que se segue.
Nascido no Rio de Janeiro em 25 de outubro de 1982, Allan Caldas Goldman mudou-se ainda na infância junto a sua família para a cidade de Fortaleza, no estado do Ceará. Foi ali que teve seu primeiro contato com profissionais dos quadrinhos, já na adolescência, conhecendo o estúdio Graph-it, do qual faziam parte Daniel Brandão, Geraldo Borges e JJ Marreiro, hoje profissionais de importância no cenário de quadrinhos do estado.
Unindo-se a essa equipe, Allan começou a dar seus primeiros passos rumo à realização de seu sonho de infância: tornar-se um profissional da Nona Arte. Teve atuação forte na produção do fanzine Manicomics no ano em que este recebeu o seu segundo prêmio HQ Mix (maior premiação nacional no ramo dos quadrinhos) de melhor do País.
Hoje Allan Goldman faz parte do conselho editorial do Manicomics e começa a consolidar-se como desenhista no mercado americano. Já com dois anos de experiência em trabalhos para os EUA, Allan está hoje finalizando uma minissérie de cinco edições chamada Shon C. Bury's Nox, que está sendo publicada pela editora Narwain. Além de trabalhos para outras partes do mundo, como duas revistas que ilustrou para a editora AKcomics - que publica, além dos Estados Unidos, para o Oriente-Médio.
No Brasil já publicou uma edição do personagem Ultrax, de E.C. Nickel, em parceria com Alexandre Lobão, uma edição da Tiazinha para a revista Sexy Total e participou do álbum Vórtice junto a mais nove artistas nacionais, inúmeras histórias para o fanzine Manicomics, além da minissérie Countdown to Adventure para a DC Comics.
Torre Titã: Allan, como foi seu primeiro contato com os quadrinhos?
Allan Goldman: Meu primeiro contato foi com revistinhas da Turma da Mônica. Eis que um dia eu vi uma revistinha do Capitão América, que me apaixonei e nunca mais parei de ler revistas de Super-Heróis. Por isso tenho um carinho especial por esse personagem. Foi meu primeiro contato com esse universo. Eu copiava os desenhos dos quadrinhos nas sarjetas das revistas. Minhas HQs eram todas riscadas, com BIC. [Risos]
TT: Quando teve certeza de que seria desenhista?
AG: Sempre gostei muito de desenhar, principalmente HQs. Mas a idéia de ser profissional veio bem tarde, quando eu já estava no terceiro ano. Com o advento da internet na minha casa, comecei a tomar conhecimento de que era possível mesmo ser profissional nessa área. Até então este mundo estava muito longe de mim. Basicamente essa idéia surgiu juntamente com a disseminação da internet.
TT: Fez algum curso de artes?
AG: Aos quinze anos fiz um curso com o Álvaro Rio. Um artista daqui do Ceará que já chegou a fazer muito sucesso nos EUA. Ele desenhou muito pra Image. GEN 13 e vários outros títulos. Mas esse foi o único curso que fiz, durando alguns meses.
TT: Você atuou fortemente na produção de Fanzines justamente no ano que recebeu o prêmio HQ Mix. Ainda está atuando com os fanzines?
AG: O Manicomics foi muito importante na minha vida. Tanto no Âmbito pessoal quanto no profissional. Quando o pessoal que editava o Manicomics me acolheu no estúdio, me tornei grande amigo deles e tive a oportunidade de publicar uma HQ pela primeira vez. Profissionalmente amadureci muito nessa época. Produzindo histórias para o fanzine e testes para o exterior, paralelamente. E o mais importante foi as amizades que fiz no estúdio: Daniel Brandão, JJ Marreiro, Geraldo Borges, Cristiano Lopes e Eduardo Ferreira hoje são grandes amigos meus. Eles já haviam dado vida ao fanzine e ganho dois HQMix antes mesmo de eu chegar lá. Com a minha contribuição conquistamos o terceiro. Infelizmente, por falta de tempo, paramos de produzir o Manicomics. Hoje tento me manter ainda na produção de fanzines através de colaborações, seja com capas, ilustrações ou historinhas curtas. Mas devido ao trabalho está muito mais difícil navegar por esses mares mais "alternativos". Quando consigo, me enche de prazer.
TT: Como se deu seu contrato com a DC Comics?
AG: Cheguei na DC através do Joe Prado e da Art Comics. Mas antes tive que fazer trabalhos menores e muitos testes (muitos, muitos, muitos testes). Um trabalho que me ajudou nesse processo foi o material que produzi para a Moonstone. Desenhei uma história de nove páginas para um especial de aniversário do Fantasma. Depois desse trampo a DC me deu uma edição do OMAC e depois não parei mais de desenhar para eles.
TT: Qual sua maior inspiração?
AG: Tenho muitas inspirações, de várias mídias. Adoro cinema e isso sempre me inspira. Mas em se tratando de quadrinhos gosto muito dos seguintes artistas: Neal Adams, Alan Moore, John Buscema, Joe Kubert, Dennis O’Neil, Frank Miller, Alan Davis, Eddy Barrows, Cláudio Castellini, Cláudio Villa, Serpieri, Manara, Horácio Altuna, Jordi Bernet, Abulli, Dave Gibbons, Ivan Reis, Daniel Brandão, JJ Marreiro, Ba e Moon, Azpiri e muitos outros. [Risos] São tantos artistas maravilhosos que é difícil se inspirar apenas com alguns. Outras pessoas fora da mídia me inspiram também, como meus pais, meus amigos, Jesus, Gandhi o Dalai Lama... Não é brincadeira! Essas pessoas me inspiram e isso se reflete na minha arte também.
TT: Quais seus planos para o futuro? Algum projeto com a DC?
AG: Joe me disse que a DC vai me passar mais material, mas ainda não sei qual é. Tenho planos de deixar de ser apenas desenhista e me tornar autor. Tenho alguns projetos autorais. Alguns deles com parceiros e outros "solo". Paralelamente ao meu trabalho na DC tenho me esforçado nesse sentido, da produção autoral. Em breve vocês devem ter notícias a respeito.
TT: Sobre Titãs, você já os conhecia?
AG: [Risos] Claro, né! Quem não conhece a fase "Marv Wolfman e George Perez"? Eu lia bastante. O fato dos heróis serem jovens, gera uma identificação muito legal com o público (que em geral é jovem também). Adoro também o desenho animado!
TT: Qual deles é seu personagem favorito?
AG: Sempre adorei o Cyborg. Aquele visual é muito interessante! Mas um personagem que sempre me cativou foi o Exterminador. Eu tenho até hoje uma revistinha (formatinho) com uma história solo dele. Ele sendo contratado pra destronar um ditador de um pequeno país Sul-Americano. Uma aventura bem James Bond. Sensacional. Desenhada magistralmente pelo Steve Erwin. Ele é um dos vilões mais legais que já vi. Nessa minha retomada aos Titãs comecei a gostar muito do Eddie – o Kid Devil ou Red Devil. Tem um visual bacana e uma personalidade muito forte. Muito engraçado. O Robin também é muito legal. E a Moça-Maravilha... Ah! É um prazer desenhá-la. Espero que o leitor goste da maneira como a desenhei. Tentei deixá-la o mais linda possível. Sério mesmo. Várias vezes eu apaguei e redesenhei seu rosto, buscando o mais bonito possível. Não sei se consegui, mas que tentei, eu tentei.
TT: Allan, a Torre Titã e o Multiverso DC lhe deseja muito sucesso na DC e em qualquer trabalho que vir a desenvolver no futuro.
AG: Obrigado você por essa oportunidade, Tarcísio. Fique com DEUS!! :)
4 comentários:
Sensacional espero ler mais valeu pessoal ^^
Entrevistas com artistas brasileiros são verdadeiros estímulos aos novos desenhistas, como eu!
Parabéns pela iniciativa de valorizar não apenas a criação, mas tambám os criadores!!!
Sucesso Sempre!!!
não conheço o Allan, mas sou amigo pessoal do JJ Marreiro.
se o cara se dedica em desenhar a minha amada Cassandra Sandsmark mais bonita eu ja sou fã dele. Só sinto falta dos braceletes.
JB
http://reinodeasgard.blogspot.com
Tive o prazer de conhecer o allan goldman no inicioda adolescencia e presenciar os primeiros desenhos traçados por ele, sempre fantasticos! Parabens a todos e sucesso!
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