Argumento: Sean McKeever
Desenhos: Howard Porter
Cores: Edgar Delgado
Editor: Brian Cunningham
Marcando a saída definitiva de Judd Winick do título Titans e servindo como um prólogo ao aguardado arco-crossover Deathtrap, Titans #11 atinge as bancas com certa expectativa ao seu redor.
Sinopse
Na base de operação dos Titãs (agora oficialmente apresentada como "Titans Compound", algo como "Recinto dos Titãs"), Vic está conectado aos computadores e terminais de controle. Kory pergunta o que ele está fazendo e ele afirma estar conferindo os registros de segurança e linhas de código para descobrir como Jericó desapareceu e tentando descobrir uma forma de reencontrá-lo. Então Kory sai do prédio e voa acima das nuvens para assistir ao nascer do Sol em primeira mão.
Longe dali, Roy salva uma mulher que estava sendo assaltada (usando um cano de ferro como arma e disfarçando o rosto com um lenço). Depois disso, ele retorna para um apartamento onde Verona (uma mulher com a qual ele havia passado a noite sem nem sequer saber o nome dela) o espera.
Em Central City, Wally passa o dia com sua esposa e filhos.
Em sua escola, Ravena estava assistindo à aula de literatura quando Gar, transformado em beija-flor, bate o bico repetidas vezes contra a janela para chamar-lhe a atenção. Coincidentemente, o assunto da aula era o livro Romeu e Julieta, de William Shakespeare. O professor comenta que é impossível escapar do destino e que o amor daquele casal estava condenado desde o princípio. Também diz que a única forma pela qual eles poderiam ter evitado suas próprias mortes teria sido abrir mão da "mais pura e maravilhosa conexão que eles experimentaram em suas jovens vidas".
Numa cafeteria, Roy se encontra com Donna para conversarem sobre algo referente aos Titãs. Donna tenta mostrar suas condolências pelo recente falecimento da ex-namorada de Roy (Kendra Saunders, a Moça-Gavião da Liga da Justiça, morta em Final Crisis #7), mas ele pede para que retornem para o assunto em pauta. Ela quer discutir a forma como a equipe está estruturada e questiona se eles são realmente um "time" no sentido estrito ou apenas um bando de amigos se reunindo. Roy diz que eles precisarão escolher um novo líder, mas como esse líder poderia facilmente ser manipulado por Jericó, a confiabilidade entre eles estaria comprometida. Quando ele se distrai da discussão para "conferir" uma garçonete, Donna afirma que Roy está se sentindo machucado e se entregando a relacionamentos fugazes pra lidar com isso. Ele se aborrece e sai do estabelecimento.
Na saída da escola, Ravena é abordada por Gar, que diz querer passar algum tempo com ela (e ocorre uma confirmação de que os Filhos de Trigon ainda estão vivos). Ela concorda em vê-lo a noite contanto que ele saia imediatamente do local.
Numa região remota e montanhosa do estado de Nova York, Donna está em posse de sua máquina fotográfica, esperando pelo Pôr-do-Sol. Kory a rastreia via GPS para desabafar com ela sobre os acontecimentos recentes. Kory conta a Donna sobre quando perguntou a Dick se ele ainda a amava e a resposta foi não (como foi visto em Titans #5). Também diz que está se sentindo traída e machucada e que está feliz com o fato de Dick ter deixado a equipe.
Num bar, Roy está sentado sozinho, bebendo suco de uvas-do-monte, quando ele inicia uma conversa com a atendente, que revela também possuir uma filha pequena, e ambos decidem sair juntos após o expediente dela acabar.
No alto de um prédio, Ravena e Gar se encontram. Ele a convida para saírem juntos e tentar levar o relacionamento deles para o próximo nível, mas ela diz que nada vai acontecer entre eles. Ele afirma estar certo quanto aos seus próprios sentimentos e que está quase certo quanto aos dela, mas Ravena diz que ele está enganado. Gar lhe pergunta sobre aquela vez em que ela o beijou (fato ocorrido em Teen Titans #30) e Ravena responde que isso foi apenas para lhe dar confiança, já que ele estava no comando da equipe e inseguro naquela ocasião. A princípio ele não aceita o que Ravena está dizendo, desconfiando que ela esteja sendo possuída por Jericó, mas quando ela diz que ele está tornando as coisas mais difíceis do que elas já são, Gar vai embora. Depois que ele parte, Ravena baixa o capuz e é possível ver lágrimas nos seus olhos.
Numa seqüência de várias cenas envolvendo os personagens, vemos Wally colocando sua filha para dormir, Kory e Donna assistindo ao crepúsculo, Roy verificando se sua filha estava dormindo antes de levar para o quarto a atendente que ele havia conhecido anteriormente e Vic ainda conectado aos sistemas da Torre (em alguns momentos a colorização da revista faz parecer que ele está dormindo, em outros, que ele está acordado). Em um monitor, é possível ver o Besouro Azul numa reunião dos Novos Titãs, onde eles afirmam que agora finalmente possuem um time (provavelmente esta cena será vista em Teen Titans #69, quando a equipe dos Novos Titãs consolidará sua formação definitiva). Nesse momento, o olho eletrônico de Ciborgue adquire um brilho verde e ele diz: "Então chegou o momento".
Opinião
Quando a nova série Titans foi anunciada, um dos pontos mais polêmicos foi sem dúvida a comparação dela com o seriado Friends. Em Titans #11, finalmente podemos ver este conceito aplicado na prática (e de forma bastante competente e agradável, na minha humilde opinião). Pode-se facilmente traçar paralelos entre vários acontecimentos desse capítulo e elementos presentes em seriados típicos da TV norte-americana (mais pro lado dos seriados dramáticos do que das SitComs).
Como é fácil de se observar, este foi um daqueles capítulos inter-arcos, com pouquíssimas cenas de ação e totalmente dedicado a mostrar como os heróis interagem entre si mesmos e com o mundo ao redor quando eles não estão usando uniformes. Edições desse tipo também servem para avançar plots referentes a vida pessoal dos protagonistas e abrir caminho para o arco de histórias seguinte. Cada personagem teve seu momento no palco, alguns por mais tempo do que outros.
A participação de Wally neste capítulo, por exemplo, foi curtíssima, mas coerente e digna de nota. Não foi usada pra desenvolver nenhum plot, nem avançar a trama: apenas lembrou aos leitores que ele é um pai de família e que nem sempre sua família está empenhada no combate ao crime. Uma das melhores cenas da edição.
No que diz respeito a participação de Kory, vale a pena mencionar uma discussão interessante que ocorreu no fórum gringo Comic Bloc. Segundo alguns leitores (eu mesmo incluso), Estelar soou de forma bastante parecida com a sua versão vista no desenho animado Jovens Titãs. Já para outros, ela estava agindo como sua versão original dos quadrinhos pela primeira em anos. Talvez isso se deva a traços da versão original da Kory que acabaram ficando muito ressaltados no desenho animado, mas fico imaginando se a intenção original dos autores não era criar um tipo de meio termo entre ambas as versões para que públicos de ambos os meios pudessem se identificar igualmente.
Já Donna, foi retratada da forma mais tradicional possível, assumindo seu papel como irmã mais velha/psicóloga da equipe, tentando aconselhar Roy e emprestando seu ouvido para Kory (outra grande cena dessa edição). Também é interessante vê-la numa roupa mais casual pra variar (e finalmente se lembraram de que ela é uma fotógrafa).
Se a edição #5 da revista viu o fim definitivo (pelo menos por enquanto) do romance entre Dick e Kory, a edição #11 coloca o último prego nesse caixão. Na minha opinião isso foi uma bola dentro, pois com Dick fora do título, essa medida encerra o assunto de vez, possibilitando que Kory seja desenvolvida em outras vertentes sem que haja necessidade de retornar a essa questão futuramente.
Em termos de desenvolvimento dos plots referentes a vida pessoal dos personagens, duas meta-tramas estiveram no centro do palco neste capítulo. A primeira envolve Roy, que se tornou "promíscuo" e está passando cada noite com uma mulher diferente, provavelmente uma conseqüência do desfecho de seu romance com Kendra. Essa temática apresenta premissas bastante comuns aos seriados dramáticos que eu havia mencionado anteriormente e pode gerar bons frutos. Mas algo que me intriga é o fato de que essa história está sendo abordada em Titans, ao invés da revista da Liga da Justiça. Talvez isso signifique que os dias do Arqueiro Vermelho naquela equipe estejam contados (ou pode significar apenas que a equipe criativa de Titans passará a decidir os rumos do personagem).
A segunda meta-trama central desta edição se refere ao desfecho do relacionamento entre Gar e Ravena. Aquilo que ocorreu entre eles nesse capítulo foi uma consolidação de tudo que havia sendo desenvolvido desde Titans #6, nos vários momentos em que Gar tentou se aproximar de Ravena e ela sempre o evitava. Apesar de meio manjada, considerei a citação a Romeu e Julieta uma forma bastante coerente, eficiente e elegante de insinuar indiretamente o que Ravena estava pensando, como ela estava se sentindo e os motivos por trás de suas ações. Acho que essa medida foi bem melhor do que usar balões de pensamento, caixas de narrativa ou mostrá-la falando explicitamente sobre o assunto com outra pessoa (ou consigo mesma). Isso ajudou a manter o aspecto de contenção emocional característico do comportamento dela (mesmo quando ela chorou, fez isso de forma contida e discreta), evitando dramalhões incoerentes à personagem. Outra grande sacada dos autores.
Da forma como eu vejo, este plot ainda não foi totalmente encerrado e ficará em aberto para o próximo roteirista explorar como quiser. Gostaria pelo menos que o Wally chamasse o Gar para uma conversa de homem pra homem e dissesse algo do tipo, "Tome cuidado com onde você amarra o seu burro".
Na cena de Ravena na escola, duas coisas me chamaram particularmente a atenção:
- Só havia alunas (garotas) naquela escola;
- Todas usavam uniformes que incluíam aquela clássica saia xadrez.
Talvez tenha sido descuido do desenhista, mas eu vejo duas outras possibilidades:
- Ravena mudou de escola pela quarta vez e agora está em um colégio de freiras;
- Ela ainda está na Academia Strages, mas as regras de vestuário tornaram-se mais rígidas depois que uma certa aluna foi para aula vestindo arrastão.
Finalmente, o capítulo se encerra com a revelação de que Jericó estava dentro de Vic. Um ponto intrigante é que o brilho esverdeado, típico da possessão de Jericó, estava no olho robótico do Ciborgue. O olho que já foi utilizado para aprisioná-lo na forma de um arquivo de computador. Soma-se a isso o fato de que, através de Vic, Jericó estava conectado aos computadores e sistemas de segurança de ambas as equipes de Titãs. Por fim, o nome do próximo arco é "Deathtrap", que significa "Armadilha Mortal". Tenho a impressão de que tudo isso se conectará de alguma forma.
Uma teoria que está sendo bastante discutida em Fóruns é que a essência de Jericó teria se dissipado e possuído vários dos Titãs ao mesmo tempo (como é insinuado pela capa da edição), mas é esperar pra ver.
No campo da arte visual, houve uma melhora significativa no trabalho do desenhista (destaque para o pin-up de Kory assistindo ao nascer do Sol), embora ainda esteja problemático em alguns pontos. Outra coisa que gostei de ver foi Ravena usando rabo-de-cavalo. Espero que esse visual seja mantido para ela (aliás, para alguém cujo uniforme inclui um capuz, usar o cabelo assim faz muito sentido). O colorista, entretanto, ainda deixa a desejar em vários pontos (destaque para o uniforme de Gar, cujo padrão de cores está diferente de novo).
Algo interessante de se observar na estrutura narrativa sobre a qual o enredo foi desenvolvido, é que essa história ocupa um dia inteiro, indo gradualmente da alvorada até o ocaso. Outro elemento narrativo que me chamou a atenção foi a seqüência final de cenas, na qual closes em Ravena aparecem intercalados com cenas referentes ao que está acontecendo com cada um dos outros Titãs naquele momento. Não há balões de fala nesse trecho, apenas narrativa visual. Tanto a composição dessa seqüência quanto as cenas mostradas me chamaram a atenção por ser um recurso bastante utilizado em seriados americanos (com destaque para The O.C., cujos episódios SEMPRE terminam desta forma). Ficou faltando apenas uma daquelas músicas melancólicas que costumam acompanhar seqüências desse tipo.
Saldo Final: Em se tratando de histórias com pouca ação e focadas no desenvolvimento da personalidade dos protagonistas, eu realmente gostei desse capítulo. Quase tudo que havia sido prometido por Winick em entrevistas, mas que ele falhou miseravelmente em apresentar, foi proporcionado aqui por McKeever. Esta edição também usou e abusou de narrativa visual, dispensando aqueles diálogos extremamente repetitivos e redundantes vistos nos capítulos anteriores. E, como eu já mencionei várias vezes ao longo desta resenha, achei que a estrutura dessa edição lembra bastante um episódio de um típico seriado dramático, com uma narrativa "televisiva" e dinâmica, que se encaixa perfeitamente ao enredo. Na minha opinião, McKeever começou sua passagem pelo título Titans com o pé direito.
Entretanto, sendo McKeever um roteirista temporário, é provável que todos os plots que foram explorados nesta história (notadamente aqueles envolvendo Ravena, Gar e Roy) tenham sido indicados pelo editor (como também devem ter sido as "confissões" de Titans #9 e os "Omens" de Titans #10). Esperemos apenas que o roteirista definitivo consiga dar um bom desenvolvimento para tudo que foi preparado aqui.
9 comentários:
Parabén, Ed.
Seu review está absurdamente detalhado. Concordo em gênero, número e grau com todas as suas opiniões. Muitas delas eu iria escrever aqui, mas não é necessário repetir.
Só gostaria de ressaltar que essa estória valeu por toda o relançamento do título. Adorei vê-los lidando com suas vidas. Aliás, esta é a característica do grupo que mais gosto. Tanto que até mesmo o Roy diz, nesta edição, que eles não são um grupo tradicional. São família!
É importante lembrar que a primeira vez que vimos este recurso de narrativa foi nos anos 80, com a estória "A day in the lives...And what a day it is!" - dos mestres Wolfman e Pérez.
O que me incomoda, não só com os títulos dos Titãs, é que muitos membros das equipes criativas apenas fazem seu trabalho sem uma pesquisa considerável. Por exemplo, o colorista, aparentemente, não conhece a estória do grupo (não que ele seja obrigado, mas para se fazer algo é preciso saber o que está fazendo) e coloriu os cabelos de Jai e Lian como se fossem ruivos, quando na verdade são negros. Mas isto é irrelevante.
Ver a Donna com a máquina fotográfica e fazer o papel de irmã do grupo foi fabuloso. Como o Ed disse sobre a polêmica "voz" da Estelar, eu identifiquei muito da Kory W/P com certa maturidade. O prelúdio para Deathtrap foi fabuloso...
Ah, não acho que o Joey esteja em todos eles ao mesmo tempo.
Bom, estou supersatisfeito com o resultado, exceto pela arte que ainda não me agrada.
Muito bom,Ed. Gostei da edição. Serviu,no meu entendimento,para redefinir a equipe no universo DC.
Espero ansioso pelo crossover,pois sei que vem coisa boa por aí.
Espero estar muito, mas muito enganado mesmo. O painel com Roy adoecido, promiscuidade...será que ele vai pegar AIDS? Sei que a Mia é soropositiva, então seria um pouco demais 2 personagens ligados ao Titas e ao Arqueiro Verde com a mesma doença. Mas como a cabeça do Didio é igual a bumbum de neném, sei lá?
Rogério. Eu pensei A MESMA coisa, mas preferi não comentar. Já que você disse, eu tb temo isso.
Mas temos a Mia.. Prefiro acreditar que seja outra situação.
Até pq aquela frase da DC Nation, meses atrás, faz sentido para o Roy... Algo como estar falido, no chão, mas que ele vai se recuperar.. algo assim...
O jeito é esperar.
Notícia de última hora: Kendra Saunders (Hawkgirl) desmorreu.
A DC decidiu que ela sobreviveu àquele evento ocorrido em Final Crisis (McDuffie teve até que refazer uma cena na revista da Liga, onde haveriam as reações quanto a morte dela).
Então provavelmente a atitude do Roy ficará definida como uma consequência do fim do relacionamento amoroso entre eles, não da morte dela.
Loved the review (although I did have to feed through Google's translator; hence, it came out a little strange to read). Keep up the great work!
Thank you, DeTroyes.
Interessante o lance de Kendra não morrer... Vamos ver as repercussões disso tudo...
eu não consigo gostar do desenhista... eu indicaria o Paul Pelletier (Exilados) para ficar com a arte dos titãs. Ele tem o desneho limpo, bonito e não é cansativo como o do Tom grummet que desnehou os heróis mas que para mim perdeu o charme.
O Howard Porter ja era ruim na época da Liga, deu uma melhorada no flash, mas pra mim ta ruim de novo. Ou isso ou ele nao combina desenhando grupos.
JB
http://reinodeasgard.blogspot.com
O mais estranho que é a Kendra não morrer acaba destoando da "morte" dela em FC. Ela "morreu" em uma explosão dentro de um Boom Tube e acaba ficando viva....seria melhor deixar pra resolver tudo com BC, principalmente o novo rolo que o Starlin inventou pro Gavião Negro naquela última mini dele.
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