Ou "Nem AIDS, Nem Preconceito"
Eu já disse antes, Mia Dearden é minha personagem preferida. E já expliquei o porquê. Estive com ela quando ela entrou para os Novos Titãs, quando congelou o Cyborg, quando os Titãs enfrentaram o Dr. Luz e salvaram o Arqueiro Verde e quando ela contou a todos que era HIV positivo. Eu estava acompanhando os Novos Titãs há pouco tempo e ela era novata como “eu”. Foi amor imediato.
Mia foi criada em 2001 como sendo a garota que o Arqueiro salvou das ruas e da prostituição, a qual havia sido forçada quando teve que sair de casa para fugiu do pai que a abusava. Indicada pelo Arqueiro a procurar o empresário Olliver Queen, que poderia oferecer lhe ajuda, Mia viu que os dois eram a mesma pessoa e quis ser sua ajudante. Ollie não aceitou, pois não queria oferecer risco a outro jovem. Mia foi se mostrando hábil no domínio do arco-e-flecha, mas mesmo assim Ollie não a aceitou como parceira mirim.
Em 2004, Judd Winnick (o Arrasa-Titãs) assumiu o título do Arqueiro Verde e revelou que Mia era soropositiva. Mesmo com o choque e a tristeza, Mia se esforçou ainda mais, quis fazer a diferença e finalmente conseguiu se tornar a segunda pessoa a usar a alcunha de Speedy (No Brasil, Ricardita).
Mia faz parte do pequeno grupo de heróis que são HIV-positivos dentro da DC Comics, ao lado de Jet, que surgiu durante o arco Milênio e contraiu HIV do vampiro Hemo-Goblin, e Extraño, o primeiro personagem gay da DC Comics, que foi “abandonado” devido a errônea associação que se fazia entre AIDS e homossexualidade. Mia é a única dentre os três que está viva.
Diferentemente do universo DC, na nossa realidade estima-se que mais de 33 milhões de pessoas em todo o mundo vivam com o vírus HIV (vírus da imunodeficiência humana) ou com AIDS (síndrome da imunodeficiência adquirida) e que mais de 60 milhões de pessoas já tenham perdido a vida em decorrência dessa doença.
Mas o que é a AIDS e o HIV?
Segundo o site www.aids.gov.br, HIV (a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana) é o causador da AIDS, ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. As células mais atingidas são os linfócitos CD4. E é alterando o DNA dessa célula que o HIV faz cópias de si mesmo. Depois de se multiplicar, rompe os linfócitos em busca de outros para continuar a infecção. Biologicamente, HIV é um retrovírus, classificado na subfamília dos Lentiviridae. Esses vírus compartilham algumas propriedades comuns: período de incubação prolongado antes do surgimento dos sintomas da doença, infecção das células do sangue e do sistema nervoso e supressão do sistema imune.
Quando ocorre a infecção pelo vírus causador da AIDS, o sistema imunológico começa a ser atacado. E é na primeira fase, chamada de infecção aguda, que ocorre a incubação do HIV - tempo da exposição ao vírus até o surgimento dos primeiros sinais da doença. Esse período varia de 3 a 6 semanas. E o organismo leva de 8 a 12 semanas após a infecção para produzir anticorpos anti-HIV. Os primeiros sintomas são muito parecidos com os de uma gripe, como febre e mal-estar. Por isso, a maioria dos casos passa despercebido.
A próxima fase é marcada pela forte interação entre as células de defesa e as constantes e rápidas mutações do vírus. Mas que não enfraquece o organismo o suficiente para permitir novas doenças, pois os vírus amadurecem e morrem de forma equilibrada. Esse período, que pode durar muitos anos, é chamado de assintomático.
Com o frequente ataque, as células de defesa começam a funcionar com menos eficiência até serem destruídas. O organismo fica cada vez mais fraco e vulnerável a infecções comuns. A fase sintomática inicial é caracterizada pela alta redução dos linfócitos CD4 - glóbulos brancos do sistema imunológico - que chegam a ficar abaixo de 200 unidades por mm³ de sangue. Em adultos saudáveis, esse valor varia entre 800 a 1.200 unidades.
Ser portador do HIV não significa ter AIDS. Há muitos soropositivos que vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença. Mas, podem transmitir o vírus a outros pelas relações sexuais desprotegidas, pelo compartilhamento seringas contaminadas ou de mãe para filho durante a gravidez e a amamentação. A AIDS é o estágio mais avançado da doença que ataca o sistema imunológico. Como esse vírus ataca as células de defesa do nosso corpo, o organismo fica mais vulnerável a diversas doenças, de um simples resfriado a infecções mais graves como tuberculose ou câncer. O próprio tratamento dessas doenças fica prejudicado.
Descoberta há quase três décadas, a AIDS ainda não tem cura, por isso a prevenção é fundamental. Para isso é fundamental o uso de preservativos durante qualquer relação sexual e não compartilhar agulhas ou material cortante com outras pessoas.
Embora o número de novas contaminações e mortes em decorrência da AIDS esteja diminuindo e os avanços da medicina já projetem para um futuro próximo uma esperança no fim do avanço dessa doença (como pesquisa com células-tronco, pesquisas com pessoas que possuem imunidade natural ao vírus, vacinas que ataquem a proteína gp120 que atualmente oferece invulnerabilidade ao vírus e pesquisa para o aumento da imunidade do corpo humano), o único recurso atual para tentar parar o avanço da doença em um paciente já contaminado com o HIV é o uso de medicamento retrovirais, que devem ser tomados diariamente, pelo resto da vida. Segundo consta, é o caso de Mia, que faz uso desses medicamentos para que sua carga viral não aumente.
Antes uma sentença de morte, hoje a AIDS é doença 'controlável' e a sobrevida de portadores tem aumentado significativamente. Mia é um exemplo já que ela consegue ser uma heroína e enfrentar de igual para igual contra vilões como Dr. Luz, Jason Todd, Irmão Sangue e até ser capaz de mandar o Superboy Primordial para a Zona Fantasma. Mia pode inclusive amar o jovem inglês Dodge. Um portador de HIV deve ter certos cuidados, assim como Mia os tem em batalha, mas ademais tem o direito e todas as condições de levar uma vida normal.
A doença é um grande mal, mas existe algo pior: a discriminação. A informação está em qualquer lugar, desde sites especializados até a Wikipédia, passando por livros, revistas, reportagens na TV e campanhas de conscientização e prevenção. Hoje em dia a maioria das pessoas tem acesso à essas informações e sabe de que forma se contrai o vírus HIV (relação sexual de qualquer tipo sem proteção, compartilhamento de agulhas e materiais cortantes e de mãe para filho durante a gestação ou amamentação). Nada do que eu escrevi até agora talvez fosse necessário, não fosse o preconceito e a morte social pela qual passam os portadores desse terrível mal. Portadores são excluídos, marginalizados, desumanizados pela nossa sociedade.
Quando Mia Dearden contou aos seus colegas Titãs que possuía o vírus, eles ficaram chocados, ou até incomodados, mas se colocaram ao lado dela, fazendo com que se sentisse confortável, já que cada um tinha seu segredo, e a acolherem sem o mínimo medo de um contato físico, como quando Cassie pega a mão de Mia para dizer que todos ali tenham algo que os fazia diferentes, oferecendo ajuda e querendo entender como é essa sua situação para que todos, inclusive ela, sejam preservados e estejam em segurança. Ela não foi dispensada. Ela naquele momento, se viu uma Titã.
Um abraço, um aperto de mão ou um beijo não transmitem HIV. É uma doença contagiosa? Sim, mas em caso de comportamento de risco. Não pela simples convivência. Isso pode fazer toda a diferença para muitos portadores: viver sem preconceito.
Esse é o pensamento Titânico que queremos difundir, ainda mais em uma data como a de hoje, o Dia Mundial de Luta Contra a AIDS (salientando que é uma luta sim, mas contra a doença e não contra as pessoas). Essas precisam de ajuda, apoio e afeto. Como dizia a campanha do ano passado, “É possível viver com AIDS, com preconceito Não”.
Seja um Titã e promova esse pensamento de prevenção e de inclusão social das pessoas infectadas!
Nem AIDS, nem Preconceito.
Um comentário:
Já era fã e assiduo frequentador deste blog, por ser fã da DC e dos Titãs. Essa matéria só veio a aumentar meu respeito pelo blog e seu criador. Parabéns!
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