"O Reflexo de Dick Grayson"
Conclusão
Por Rodrigo Garrit
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Voltei ao apartamento de Debbie, recolhi a única coisa que
me pertencia... o “traje colorido” a qual ela se referiu...
Debbie possuía um pequeno Notebook com acesso a internet.
Acesso a rede procurando informações e fico completamente aturdido com o que
vejo. Sinto uma leve náusea ao ler as noticias... isso só pode ser um
pesadelo... mas meu pulso está normal, minha respiração também... não parece
que eu tenha inalado o gás do medo ou qualquer outra toxina alucinógena...
preciso colocar a mente no lugar. Vamos Dick, use a sua mente analítica. Descubra
o que está acontecendo.
Espero a policia e a noite chegarem. Apenas essa última
aparece. Crimes parecem ser um tanto quanto banais nessa vizinhança. Visto o
traje e começo minha busca.
Viajo de carona em cima de um caminhão de carga. A essa hora
da madrugada, com pouco movimento nas ruas, não vou ser notado. Além disso, eu
sei muito bem ser discreto. Não foi
difícil encontrar um carregamento de tabaco indo para Gotham... felizmente
algumas coisas parecem não ter mudado.
São quase 04:00h da manhã quando chegamos em Gotham. Desço
de minha carona e sigo para o prédio da prefeitura. As coisas parecem
familiares e ao mesmo tempo terrivelmente diferentes... é como se tudo o que eu
conhecia tivesse sido... remodelado!
Invado o prédio com cautela... até saber o que houve,
preciso agir com extrema cautela. Ainda tenho
algumas horas até os primeiros funcionários chegarem... só preciso me preocupar
em me esquivar dos vigilantes e câmeras de segurança.
Felizmente meu cinto ainda tem todos os apetrechos que preciso... destranco as portas sutilmente para não causar alarde. Chego na sala de arquivos e rezo para não encontrar o que sei que vou encontrar...
Felizmente meu cinto ainda tem todos os apetrechos que preciso... destranco as portas sutilmente para não causar alarde. Chego na sala de arquivos e rezo para não encontrar o que sei que vou encontrar...
... registros de propriedades de Bruce Wayne... contratos de suas empresas... tudo em nome de Bruce...
apenas Bruce Wayne... solteiro. Nenhuma menção a Selina. E muito menos de
Helena...
Fato 1: Richard Grayson foi acolhido pelo milionário Bruce
Wayne após ter presenciado a morte de seus pais durante uma apresentação
circense dos “Graysons voadores”.
Confere.
Fato 2: O jovem pupilo logo ficou sabendo que seu novo tutor
era secretamente o vigilante conhecido como “Batman’. Fascinado e extasiado, o
garoto empenhou cada segundo da sua vida para ser tornar o parceiro desse
herói. Assim nasceu “Robin”.
Confere.
Fato 3: Desentendimentos fizeram Richard se afastar de
Bruce, voltando-se mais e mais para a equipe de heróis jovens conhecidos como
“Novos Titãs”. Anos mais tarde, ele abandonou o manto de Robin assumindo a
identidade de “Asa Noturna”. Bruce por sua vez acolheu outro jovem, Jason Todd
que viria a se tornar um novo Robin,
sendo assassinado pelo Coringa anos mais tarde....
Não.
Não confere. Não pode ser. Não foi assim que aconteceu.
Meu Deus, será que enlouqueci de vez?
E quem diabos são esses NOVOS TITÃS?!?
Sinto um embrulho no estômago. Tenho vontade de chorar. Não,
não posso ficar desesperado... mas... como é possível? As pessoas que
conheci... não existem? Ou existem de um modo diferente... esse Bruce...
definitivamente não é meu mentor. E,
esse outro Dick Grayson... ele é esse “Asa Noturna”? Abandonou Bruce? Eu nunca faria isso...
Agora é hora do tudo ou nada. Preciso de ajuda e as únicas
pessoas que confio estão aqui em Gotham...
e é estranho pensar que não estejam na Mansão Wayne...
São quase meio dia agora. Não costumo me balançar pelos
prédios durante o dia, ainda mais nessa Gotham desfigurada... mas pelo menos
encontrei... o prédio que serve de quartel general para a Sociedade de Justiça.
Se alguém pode me ajudar... são eles...
- Nem mais um passo, “garoto prodígio”. Alías... não está um
pouco velho pra essa roupinha, “Robin”?
Olho para trás e meu coração quase para. É ela! Obrigado meu
Deus! É ela!
- Helena!
Vôo em sua direção, quero abraça-la com força... eu sei que
agora que ela está aqui, tudo vai ficar bem... ela vai me explicar o que houve
e tudo vai ficar bem...
- Devagar aí, “Romeu”! – Ela diz, me lançado uma voadora que
me arremessa contra a mureta da cobertura do prédio onde estamos. Antes que eu
possa clarear a visão, ela está apontado uma seta para mim. Que olhar selvagem
é esse... Helena, o que fizeram com você?
- Que papo é esse de “Helena”, meu caro? Quem é você?
Preciso desfazer qualquer dúvida. Preciso acabar com essa
farsa. Eu tiro minha máscara.
- Helena sou eu! Dick! Por favor... diga que me reconhece!
- Dick? Mas... o que houve com você? Parece mais velho... e
que ideia é essa de voltar a se vestir de Robin? Que diabos está acontecendo?
- Helena, não sei que tipo de lavagem cerebral fizeram em
você, mas nós nos conhecemos! Já lutamos centenas de vezes juntos... não sei
quem é esse impostor que anda por aí
vestido como “Asa Noturna”, mas eu SOU o verdadeiro Dick Grayson... Robin, parceiro
do Batman... seu PAI... Bruce Wayne!
- Como é? Meu “pai”?
- Tente se lembrar... você é Helena Wayne... filha de Bruce
e Selina... decidiu seguir os passos de seus pais honrando os nomes de Batman a
da Mulher Gato como Caçadora!
- Oráculo? Temos um problema.
- Quem é Oráculo?
Oráculo, como fiquei sabendo depois, é uma espécie de
ligação e informante dos mocinhos. Em pouco tempo ela entra em contato com a
sede da SJA e arranja um encontro.
Horas depois, estou caminhando pelos corredores do prédio...
essa SJA não é do jeito que me lembro... nada mais é. Será que enlouqueci de
vez? São tantos rostos novos... até que enfim vejo alguém muito familiar. A
prima de Kal-l. Poderosa. Não que ela vá me reconhecer.
- Robin? É você mesmo?
- Sim, Kara... mas não o que você conhec...
Antes que eu possa terminar a frase, ela me abraça tão forte
que quase quebra minhas costelas. Vejo seus olhos marejados e o sorriso... meu
Deus... será possível que no meio dessa loucura toda... essa seja a minha
Kara?
- É claro que me lembro de você... nós éramos amigos na
Terra 2!
- Eu havia deduzido que de alguma forma tivesse sido
transportado para outra Terra... mas aqui não parece ser a Terra 1 que
costumávamos visitar... nem nenhuma outra Terra...
- E não é mesmo Dick... é... muito complicado explicar. Até agora
eu achei que fosse a ultima sobrevivente daquela Terra 2. Como você veio parar
aqui?
- Minha memória não está ajudando muito... tudo está vindo
misturado na minha mente... lembro de estar lutando na Crise... Eu, Helena e...
como era mesmo o nome dela? Quartzo? Sim... ela era uma Titã. Agora sei quem
são os Titãs... agora tudo começa a fazer um pouco mais de sentido... por mais
surreal que seja a realidade... eu me lembro da tal "Precursora" na Torre Titã, explicando... tentando explicar... tudo foi uma grande explosão de tinta colorida e brilhante,
rumando imprecisas como espermatozoides a caminho do útero. Então tudo o que era,
não foi apagado. Simplesmente nunca existiu. Minha vida agora é como uma névoa,
sou uma sombra e meu passado são lembranças de quem ninguém se recorda. Eu estive longe... perdido e sem rumo. Meus
amigos... meu mundo se foi. Sou uma maldita aberração, uma anomalia cósmica que
nunca existiu. Mas já que estou aqui, não vou me entregar. Meu mentor me
ensinou que não importa o quanto a situação possa ser desesperadora, sempre há
esperança. Existe um ensinamento zen budista que diz que "o homem
existe para inexistir". Toda a minha realidade nunca existiu... então que
diabos eu sou?
Calma, rapaz. Cabeça fria. Lembre do que ele dizia. Lembre...
Calma, rapaz. Cabeça fria. Lembre do que ele dizia. Lembre...
- Não se martirize, Dick. Sempre teremos um lugar pra você
aqui... sei que falo por toda a Sociedade. Não faz muito tempo que abrigamos um
Superman de outra Terra...
- Karen, eu agradeço a oferta... mas não tenho certeza se
consigo me encaixar... você com certeza está aqui por algum motivo... e sei que está
fazendo a diferença... mas eu não posso viver sabendo que quase todos que
conheci não existem... entenda, isso seria enlouquecedor...
- Eu sei de alguém que pode ajudar. – Diz um senhor imponente, apesar do capacete
de metal. Outro rosto conhecido meu, embora eu não seja para ele. Seu nome é
Flash... e se tem alguém que pode se mover de uma Terra para outra... é ele.
- Jay, não sei se
isso é boa idéia. – Diz a Poderosa,
preocupada. – Há algum tempo Gog me enviou para uma outra Terra... mas não era
a minha Terra 2. Me dói pensar, mas talvez... ela não exista mesmo.
- Talvez Gog não tido
mesmo a intenção de te devolver para a Terra certa, Karen... ou talvez ele não
pudesse te enviar precisamente para a sua Terra. Mas com a ajuda da esteira
cósmica e Barry... talvez seja
totalmente possível. Pra ser sincero já havia conversado com ele sobre isso,
para o caso de você querer voltar... e existe uma chance sim. O que me diz? –
Pergunta Jay Garrick, um dos homens com coração mais bondoso que já conheci.
- Bem – responde Karen,
hesitante. – Kal-l e Lois estão mortos. Não sei o que tem pra mim na Terra de
onde eu vim... mas sei o tenho aqui. Se Dick quiser tentar voltar, tudo bem. Eu
vou ficar.
- Karen, tem
certeza? - Eu pergunto. Não entendo
porque ela prefere ficar nessa Terra estranha...
- Dick... eu não apenas encontrei, eu conquistei o meu
direito de estar aqui. Houve um tempo em que eu não pensaria duas vezes se
tivesse a oportunidade de voltar, mas as coisas mudaram... onde quer que ele
esteja, sei que Kal-l concordaria comigo...
- Muito bem então minha amiga... vou sentir sua falta...
- Eu também... quando voltar, diga a Helena e aos outros que
os amo muito... e que nunca vou esquecê-los...
- Você também nunca será esquecida, “Garota de aço”...
Eu abraço Karen sabendo que nunca mais a verei.
Não me sinto tão triste desde que Bruce morreu.
Não me sinto tão triste desde que Bruce morreu.
Horas depois estamos no museu do Flash. Eu sabia que um equipamento
tão perigoso quanto a esteira cósmica não poderia ser guardado num simples
museu. O que temos é apenas uma réplica. O item original fica vários metros
abaixo da superfície, onde Barry Allen, o Flash dessa Terra mantém um
laboratório secreto e particular, mantido com fundos das empresas Wayne, Queen
e Kord. Pouquíssimos privilegiados sabem da sua existência... e se tudo der certo eles não precisarão se
preocupar comigo... não pretendo contar esse segredo nem na minha Terra.
Barry me explica que a viagem para outras Terras é extremamente
perigosa e imprevisível... mas que a tecnologia da esteira consegue localizar o
local mais próximo possível do meu lar através da minha estrutura molecular e padrão
vibracional próprios... e todo esse papo maluco de ficção científica que não
entendo lhufas. Só espero que dê certo...
Eu digo aos Flashs que entendo o perigo e aceito sem
pestanejar. Digo também que se algo der errado, assumo totalmente a
responsabilidade e os livro de qualquer culpa.
Vários testes são feitos. Vários equipamentos são ligados.
Barry comenta que a esteira teve aprimoramentos desde a última vez que tentou
algo assim... ela recebeu upgrades de Rip Hunter, Brainiac 5 e até de um vilão
chamado “Chronos”, que nunca ouvi falar.
Horas depois sou colocado numa plataforma e ligado a vários
eletrodos que estudam cada célula do meu corpo. Barry calibra o equipamento de
acordo com a informação que recebe. Em seguida, os dois começam a correr em
círculos a minha volta... tudo fica borrado... olho para minhas mãos e parece
que estou me desintegrando...
"O homem existe para inexistir".
Sinto uma dor terrível...
e nada mais...
"O homem existe para inexistir".
Sinto uma dor terrível...
e nada mais...
Uma grande explosão destrói parte do laboratório. Jay está
desmaiado, com um ferimento na testa. Barry ainda tonto percebe que existe mais
alguém no laboratório.
- Então você achou podia esconder esse cantinho de mim,
Barry? – Diz o homem com um sorriso irônico tão amarelo quanto seu traje. É o
Flash Reverso.
- Maldito... você não sabe o que fez... sua intervenção
desviou Robin do Fluxo... ele pode estar em qualquer lugar agora... pode
estar...
- Morto? Ah, sim Barry, vamos ser realistas... é claro que
ele está morto... esse é meu trabalho amigão... DESFAZER todo o pretenso bem
que você faz... REVERTER tudo aquilo que você acredita... para só então.. MATAR
voc...
- Hoje não, pote de mostarda. – Diz Jay, após arremessar seu
capacete num golpe certeiro na cabeça do Flash reverso, deixando inconsciente.
- O-Obrigado Jay... eu...
- Não se culpe, Barry. Ele sabia dos riscos. Mas diga...
sinceramente... acha que o Robin vai ficar bem?
- Sinceramente? Eu sei que se foi possível pra esse pássaro
voar de volta pra casa... nada foi capaz de impedi-lo.
- Assim seja, meu amigo. Assim seja.
Um comentário:
Nossa, Garrit. Muito bom, com ligaçoes interessantes e vasto conhecimento da cronologia da UDC.
Parabens...
Quero mais. eheh
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